#25anosHCSM: Fiocruz e SciELO: determinantes para o sucesso de HCS-Manguinhos

Julho/2019

Marina Lemle | Blog de HCS-Manguinhos
Fotos de Jeferson Mendonça | COC/Fiocruz

Editores e colegas comemoram os 25 anos de HCS-Manguinhos

O nascimento de História, Ciências, Saúde – Manguinhos foi revivido e compartilhado por seus criadores na sessão comemorativa do 25º aniversário da revista no workshop “O presente e o futuro das publicações científicas de história”, na Fiocruz, no Rio de Janeiro, em 26 de junho. Editores de revistas nacionais e internacionais festejaram juntos o aniversário deste periódico pioneiro na área de história das ciências e da saúde no Brasil, que se tornou referência editorial nas ciências humanas no Brasil e na América Latina.

Ruth Barbosa Martins

A jornalista Ruth Barbosa Martins, primeira editora-executiva, remontou os primórdios da revista, lançada pela Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz em 26 de julho de 1994. Ela contou que, antes, a produção científica dos pesquisadores da Casa era escoada em duas publicações internas – Cadernos de História e Saúde e Estudos de História e Saúde – ou em livros.

“A revista surgiu num período em que a história das ciências, especialmente as ciências da saúde, era um campo de conhecimento ainda em formação entre nós. Não havia qualquer publicação específica no Brasil sobre o tema. Fomos os primeiros a fazer um periódico científico dedicado a este assunto”, contou.

Segundo Ruth, Manguinhos buscou estar em dia com a periodicidade anunciada – inicialmente era publicada a cada quatro meses -, trazendo conteúdo de qualidade: artigos originais revistos por pares, fontes ou documentos históricos, depoimentos, debates com personagens relevantes, resenhas de livros e imagens relacionadas com os estudos divulgados.

Diretor da Casa de Oswaldo Cruz na época, Paulo Gadelha lembrou que, na Fiocruz, as referências editoriais acadêmicas eram as revistas Memórias do IOC, que tem 110 anos, e Cadernos de Saúde Pública, criada em 1985. Havia, segundo ele, um questionamento se caberia ou não a uma unidade de história e memória ter uma publicação científica. A resposta veio com a própria consolidação da revista, que cumpriu uma trajetória vitoriosa, contribuindo para a construção de campos e subcampos de conhecimento e dando sentido à diversidade.

Paulo Gadelha

Dentre os desafios que surgiram, Gadelha, que foi o primeiro editor da publicação, destacou o processo de indexação, a definição do público-alvo, a democratização do acesso ao conteúdo e a preocupação com a questão estética, para garantir, além da qualidade do conteúdo científico, a captura da atenção do leitor. “A revista é um grande feito. Longa vida à Manguinhos!”, bradou o ex-editor, que foi presidente da Fiocruz de 2010 a 2017 e hoje coordena a Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030.

O apoio institucional da Casa de Oswaldo Cruz e da Fiocruz para a manutenção e o desenvolvimento da revista foi enfatizado pela historiadora e editora-executiva Roberta Cardoso Cerqueira, que também destacou o apoio das agências de fomento e de parcerias, como a com o Portal de Periódicos da Fiocruz.

Editor de HCS-Manguinhos por quase 20 anos, até 2015, Jaime Benchimol, pesquisador da Casa, também atribuiu ao apoio institucional e financeiro da Fiocruz o fato de a revista ter se tornado uma “potente máquina de produção e disseminação de conhecimentos científicos”, reconhecida com o mais elevado nível de qualidade – A1 – nas áreas de história, educação, sociologia, ciências ambientais e interdisciplinar no sistema de avaliação Qualis, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Jaime Benchimol

“Se há um mérito que não se pode negar à revista hoje celebrada é a de ter sido uma poderosa alavanca na constituição e amadurecimento desse campo transdisciplinar da história das ciências da vida e da saúde, que tem a história como sua espinha dorsal mas com interfaces com dezenas de campos do conhecimento, como atestam os honrosos qualis ostentados pela revista”, afirmou.

Segundo o historiador, a Fiocruz deu a HCS-Manguinhos uma condição privilegiada em comparação a outras revistas das ciências humanas, “não só pelo aporte de recursos e logística, mas por ser uma instituição riquíssima em áreas disciplinares diversas que Manguinhos entrelaça e historiciza”, disse.

Além do respaldo da Fiocruz, Benchimol destacou o papel da SciELO – Scientific Electronic Library Online, que há 19 anos acolheu a revista em suas coleções. “SciELO deu enorme impulso ao alcance e à visibilidade da revista e a profissionalizou. Foi para nós – e acredito que seja ainda – uma fonte constante de desafios técnicos, metodológicos e conceituais aos quais respondemos adequadamente e com os quais aprendemos enormemente. Fiocruz e SciELO viabilizaram a transformação de História, Ciências, Saúde – Manguinhos num periódico pioneiro, inovador e fecundante na área das ciências humanas”, afirmou.

O ex-editor destacou ainda o profissionalismo de todo o time da revista: “Quando me chamaram para dizer algumas palavras sobre esses 25 anos de História, Ciências, Saúde – Manguinhos, o primeiro pensamento que se impôs foi: Que equipe fabulosa conseguimos reunir!”

Como citar este post:

Fiocruz e SciELO: determinantes para o sucesso de <i>HCS-Manguinhos</i>. Blog de HCS-Manguinhos. Publicada em 11 de julho de 2019. Acessado em 11 de julho de 2019. Disponível em http://www.revistahcsm.coc.fiocruz.br/fiocruz-e-scielo-foram-determinantes-para-o-sucesso-de-hcs-manguinhos/

Leia mais sobre o workshop no Blog de HCS-Manguinhos:

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