Artigo destaca o pioneirismo do Instituto de Ginecologia do Rio de Janeiro no controle do câncer do colo do útero no Brasil

Novembro/2016

O Instituto de Ginecologia (IG), no Rio de Janeiro, foi pioneiro no Brasil na introdução e difusão de técnicas médicas para controle do câncer do colo do útero, em meados do século XX. A instituição tornou-se referência nas ações sobre a doença no período, organizando um modelo específico de diagnóstico que durou até a década de 1970 e particularizou a atuação da medicina brasileira em relação à enfermidade.

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A clínica do Instituto de Ginecologia funciona no Hospital Moncorvo Filho desde 1942

O IG foi pioneiro na organização de ações de controle do câncer a partir do “modelo triplo”, que utilizava conjuntamente colposcopia, citologia e biópsia no exame de todas as pacientes atendidas no ambulatório. Com isso, os médicos do instituto conseguiram aumentar as porcentagens de diagnóstico em estágios iniciais de evolução e diminuir o número de mortes. A criação de um modelo próprio de atendimento conferiu à instituição destaque no campo médico, tendo servido de base para a organização de serviços semelhantes em outras regiões do país. O Instituto de Ginecologia também se destacou pela formação direta de profissionais.
No artigo “Organização da especialidade médica e controle do câncer do colo do útero no Brasil: o Instituto de Ginecologia do Rio de Janeiro em meados do século XX”, a professora Vanessa Lana, do Departamento de História da Universidade Federal de Viçosa, conta como as ações de controle começaram a ser estruturadas após o médico Arnaldo de Moraes (1893-1961) assumir a cátedra de ginecologia em 1936 e organizar uma clínica ginecológica como espaço de ensino prático na Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro.
O ensino prático da ginecologia e sua afirmação como especialidade médica ganharam tônus na década de 1930. Em 1936, com o falecimento do cirurgião Augusto Brandão Filho, a cátedra de clínica cirúrgica que ocupava na Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil foi desmembrada, sendo criada a cadeira de ginecologia, desvinculada da cirurgia.

Arnaldo de Moraes

Na seleção para ocupação da nova disciplina, foi empossado Arnaldo de Moraes, personagem-chave da trajetória do ensino e prática em ginecologia na universidade, que assumiu os trabalhos na Clínica Ginecológica da Universidade, a ela conferindo uma dinâmica focada no atendimento ambulatorial e com ênfase em algumas doenças específicas, como o câncer. A aula inaugural da nova cátedra ocorreu em 2 de setembro de 1936, e a nova clínica foi instalada no Hospital Estácio de Sá, no mesmo ano, com trinta leitos para atendimento. Em 1942, foi transferida para o Hospital Moncorvo Filho, onde funciona até os dias atuais.

Leia em HCS-Manguinhos:

Organização da especialidade médica e controle do câncer do colo do útero no Brasil: o Instituto de Ginecologia do Rio de Janeiro em meados do século XX, artigo de Vanessa Lana (vol.23, no.3, set 2016)

Leia também:

Médicos, viagens e intercâmbio científico na institucionalização do combate ao câncer no Brasil (1941-1945). Artigo de Rômulo de Paula Andrade e Vanessa Lana (vol.17, supl.1, Jul 2010)
Dos gabinetes de ginecologia às campanhas de rastreamento: a trajetória da prevenção ao câncer de colo do útero no Brasil, artigo de Luiz Antonio Teixeira (vol.22 no.1 jan./mar. 2015).
História do Câncer – atores, cenários e políticas públicas, entrevista com Luiz Antonio Teixeira, coordenador do projeto História do Câncer – Casa de Oswaldo Cruz
Câncer no século XX: ciência, saúde e sociedade, edição especial de HCS-Manguinhos (Vol. 17, supl. 1, jul. 2010)

Saiba mais:

Projeto História do Câncer – Casa de Oswaldo Cruz
Câncer: estudos sobre mitos, crenças e comportamentos permitem aprimorar intervenções – O oncologista Ronaldo Corrêa Ferreira da Silva defende a formação de grupos de pesquisa interdisciplinares nas instituições de saúde.

E no blog de HCS-Manguinhos:

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