Leishmanioses: negligenciadas por políticos, mas não por pesquisadores

Novembro/2020

Jaime Larry Benchimol

No final do século XX, no Brasil e em outros países, todas as formas de leishmaniose que pareciam sob controle emergiram ou reemergiram em zonas rurais e urbanas devido a mudanças ambientais, migrações humanas, crescimento urbano caótico e outros processos socioeconômicos. A leishmaniose visceral adquiriu formas graves ao associar-se a infecções concomitantes, como a Aids. As leishmanioses foram então classificadas como doenças tropicais negligenciadas. 

Embora sejam de fato negligenciadas pelas políticas públicas e afetem populações negligenciadas, mobilizam uma das mais pujantes comunidades de pesquisa no Brasil. Isso em parte se deve ao fato de que muitas incertezas ainda pairam sobre os mecanismos de transmissão, as técnicas diagnósticas, o tratamento e a prevenção. No artigo Leishmanioses do Novo Mundo numa perspectiva histórica e global, dos anos 1930 aos 1960, Jaime Larry Benchimol, pesquisador e professor da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, mostra de que forma a leishmaniose visceral se impôs como problema de saúde pública no Brasil e quais eram as mais recentes pesquisas sobre essa e outras leishmanioses nos anos 1960, quando passaram a figurar na agenda da saúde internacional. O autor aborda grupos de pesquisa, redes de troca e cooperação, incertezas e polêmicas.

Leia em HCS-Manguinhos:

Leishmanioses do Novo Mundo numa perspectiva histórica e global, dos anos 1930 aos 1960, artigo de Jaime Larry Benchimol (v. 27, supl.1, set. 2020)

Leia no Blog de HCS-Manguinhos:

Tese joga luz nas descobertas sul-americanas sobre leishmanioses
O historiador Denis Guedes Jogas Junior recebeu menção honrosa do Prêmio Oswaldo Cruz de Teses por sua pesquisa de doutorado na Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz. Ele foi orientado por Jaime Benchimol.

Leishmanioses: circulação de saberes e assimetrias entre ‘centros’ e ‘periferias’ científicas no início do século XX
Em artigo, Denis Guedes Jogas Jr mostra que pesquisadores sul-americanos não contaram com o mesmo acesso aos principais periódicos científicos da Europa que seus colegas europeus

Livro detalha a trajetória das leishmanioses no Brasil
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