Acnur e OMS lançam publicação sobre saúde mental em emergências humanitárias

Maio/2015

Em todo o mundo, aproximadamente 80 milhões de pessoas sofrem o impacto de emergências humanitárias, sejam elas causadas por conflitos armados – caso da República Centro-Africana, Sudão do Sul, Síria e Iêmen – ou por desastres naturais – como o recente terremoto no Nepal. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que de 5% a 10% dessas pessoas sofrem algum distúrbio mental decorrente do trauma vivido, entre eles a depressão.
Pessoas com distúrbios mentais raramente têm acesso a profissionais de saúde especializados e treinados para administrar tais condições. Assim, a OMS e o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) produziram um guia do “Programa de Intervenção Humanitária para Ação em Favor da Saúde Mental” (mhGAP-HIG, na sigla em inglês) para que profissionais da saúde sem formação em saúde mental possam melhor identificar e lidar com necessidades específicas.
A publicação fornece recomendações práticas e de alto nível para condições mentais, neurológicas e sobre o uso de substâncias. O conteúdo inclui módulos para acessar e gerenciar situações de estresse agudo, luto, desordens depressivas de nível moderado a severo, desordens de stress pós-traumático, epilepsia e uso prejudicial de álcool e drogas.
Saúde mental em emergências humanitárias
A maioria das pessoas – adultos ou crianças – passa pelo luto e sofrimento agudo. Mas as emergências humanitárias causam outras desordens, como depressão, stress pós-traumático ou luto prolongado, o que podem tirar a vitalidade de uma pessoa. Condições severas pré-existentes, como psicose, deficiência intelectual ou epilepsia, provocam ainda mais vulnerabilidade.
Administrar essas condições é desafiador para profissionais de saúde. Em desastres naturais, caso do recente terremoto no Nepal, as vítimas perdem suas casas, a infraestrutura do país é destruída e os suprimentos de medicamentos são limitados. Com frequência os profissionais de saúde têm poucos suprimentos disponíveis e estão sob grande pressão para atender o maior número de pessoas no menor tempo possível. Nestas condições, também são poucas as unidades de referência em saúde. Assim, este guia permitirá que os profissionais saibam como tratar necessidades específicas.
Novo guia permite profissionais de saúde geral a darem cuidados de saúde mental

Clique para baixar o guia

Clique para baixar o guia

A OMS e o Acnur esperam que todos os parceiros humanitários usem o novo guia para ajudar a reduzir o sofrimento e aumentar a capacidade de adultos e crianças com necessidades de saúde mental a lidar com emergências.
O novo guia será usado na Síria, onde o conflito de quatro anos deslocou 7,6 milhões de pessoas dentro do país e quase 4 milhões de refugiados em países vizinhos. De 2012 até agora, a OMS já treinou 500 profissionais de saúde sírios.
O mhGAP é um programa da OMS que busca suprir a falta atendimento a pessoas com necessidades específicas de saúde mental, neurológica e uso de substâncias. Em 2012, foi publicado o mhGAP guia de intervenção, um manual baseado em evidências e amplamente usado na administração de casos onde não há profissionais especializados em saúde mental, particularmente nos países em desenvolvimento. O novo Guia de intervenção humanitária mhGAP é uma adaptação do guia original, já testado no trabalho de campo. Foi escrito especificamente para profissionais de emergências humanitárias.
Fonte: Acnur – OMS
Sobre saúde mental e psiquiatria, leia em HCS-Manguinhos:
Carrion, Carla Torres Pereira, Margotto, Lilian Rose and Aragão, Elizabeth Maria Andrade As causas das internações no Hospital Adauto Botelho (Cariacica, ES) na segunda metade do século XXHist. cienc. saude-Manguinhos, Dez 2014, vol.21, no.4, p.1323-1340. ISSN 0104-5970
Almeida, Francis Moraes de. Descontinuidades e ressurgências: entre o normal e o patológico na teoria do controle socialHist. cienc. saude-Manguinhos, Set 2013, vol.20, no.3, p.1057-1078. ISSN 0104-5970
Facchinetti, Cristiana and Muñoz, Pedro Felipe Neves de Emil Kraepelin na ciência psiquiátrica do Rio de Janeiro, 1903-1933. Hist. cienc. saude-Manguinhos, Mar 2013, vol.20, no.1, p.239-262. ISSN 0104-5970
Gama, Jairo Roberto de Almeida. A constituição do campo psiquiátrico: duas perspectivas antagônicasHist. cienc. saude-Manguinhos, Mar 2012, vol.19, no.1, p.139-155. ISSN 0104-5970
Venancio, Ana Teresa A. Da colônia agrícola ao hospital-colônia: configurações para a assistência psiquiátrica no Brasil na primeira metade do século XXHist. cienc. saude-Manguinhos, Dez 2011, vol.18, suppl.1, p.35-52. ISSN 0104-5970
Jabert, Alexander. Estratégias populares de identificação e tratamento da loucura na primeira metade do século XX:uma análise dos prontuários médicos do Sanatório Espírita de UberabaHist. cienc. saude-Manguinhos, Mar 2011, vol.18, no.1, p.105-120. ISSN 0104-5970
Facchinetti, Cristiana et al. No labirinto das fontes do Hospício Nacional de Alienados. Hist. cienc. saude-Manguinhos, Dez 2010, vol.17, suppl.2, p.733-768. ISSN 0104-5970
Facchinetti, Cristiana, Cupello, Priscila and Evangelista, Danielle Ferreira Arquivos Brasileiros de Psiquiatria, Neurologia e Ciências Afins: uma fonte com muita história. Hist. cienc. saude-Manguinhos, Dez 2010, vol.17, suppl.2, p.527-535. ISSN 0104-5970
Santos, Fernando Sergio Dumas dos and Verani, Ana Carolina Alcoolismo e medicina psiquiátrica no Brasil do início do século XX. Hist. cienc. saude-Manguinhos, Dez 2010, vol.17, suppl.2, p.400-420. ISSN 0104-5970
Nunes, Sílvia Alexim. Histeria e psiquiatria no Brasil da Primeira República. Hist. cienc. saude-Manguinhos, Dez 2010, vol.17, suppl.2, p.373-389. ISSN 0104-5970
Birman, Joel. A cena constituinte da psicose maníaco-depressiva no Brasil. Hist. cienc. saude-Manguinhos, Dez 2010, vol.17, suppl.2, p.345-371. ISSN 0104-5970
Nunes, Everardo Duarte. Hollingshead e Redlich: a pesquisa sobre classe social e doença mental cinquenta anos depois. Hist. cienc. saude-Manguinhos, Mar 2010, vol.17, no.1, p.125-140. ISSN 0104-5970
Oda, Ana Maria Galdini Raimundo and Dalgalarrondo, Paulo História das primeiras instituições para alienados no BrasilHist. cienc. saude-Manguinhos, Dez 2005, vol.12, no.3, p.983-1010. ISSN 0104-5970
Jabert, Alexander. Formas de administração da loucura na Primeira República: o caso do estado do Espírito Santo.Hist. cienc. saude-Manguinhos, Dez 2005, vol.12, no.3, p.693-716. ISSN 0104-5970
Paulin, Luiz Fernando and Turato, Egberto Ribeiro Antecedentes da reforma psiquiátrica no Brasil: as contradições dos anos 1970. Hist. cienc. saude-Manguinhos, Ago 2004, vol.11, no.2, p.241-258. ISSN 0104-5970
Venâncio, Ana Teresa A. História do saber psiquiátrico no Brasil: ciência e assistência em debate. Hist. cienc. saude-Manguinhos, Dez 2003, vol.10, no.3, p.1087-1093. ISSN 0104-5970
Venâncio, Ana Teresa A. Ciência psiquiátrica e política assistencial: a criação do Instituto de Psiquiatria da Universidade do Brasil. Hist. cienc. saude-Manguinhos, Dez 2003, vol.10, no.3, p.883-900. ISSN 0104-5970
Tenório, Fernando. A reforma psiquiátrica brasileira, da década de 1980 aos dias atuais: história e conceitos. Hist. cienc. saude-Manguinhos, Abr 2002, vol.9, no.1, p.25-59. ISSN 0104-5970
Wadi, Yonissa Marmitt. Aos loucos, os médicos: a luta pela medicalização do hospício e construção da psiquiatria no Rio Grande do Sul. Hist. cienc. saude-Manguinhos, Fev 2000, vol.6, no.3, p.659-679. ISSN 0104-5970
Engel, Magali Gouveia. As fronteiras da ‘anormalidade’:psiquiatria e controle social. Hist. cienc. saude-Manguinhos, Fev 1999, vol.5, no.3, p.547-563. ISSN 0104-5970