Janeiro/2014
Marcelo Garcia | Ciência Hoje
Produzir peças artísticas realistas ou simplificadas da natureza, que complementem e facilitem o trabalho científico ou aproximem ciência e sociedade. De forma geral, assim poderíamos definir a ilustração científica. Em entrevista publicada na CH On-line, conversamos com o ilustrador português Pedro Salgado sobre os desafios do campo em tempos de tecnologias de imagem digital e sobre seu papel na divulgação e educação científicas. Mas quem são os profissionais que se dedicam a essa atividade importante, porém às vezes pouco reconhecida, em nosso país? E como é o mercado em que atuam?
É o que mostra uma pesquisa promovida pela União Nacional de Ilustradores Científicos (Unic), grupo informal que reúne cerca de 200 de ilustradores. Realizado pela internet no ano passado, o levantamento está longe de ser definitivo, em especial devido ao baixo número de participantes (no total, 85 questionários válidos), mas sem dúvida ajuda a conhecer melhor o campo no Brasil. Os dados, segundo uma das autoras da pesquisa, a médica e ilustradora Iriam Gomes Starling, do Hospital João XXII, em Minas Gerais, vieram ao encontro do que é observado, na prática, pelos profissionais da área.
Divulgada durante o IV Encontro Nacional de Ilustradores Científicos, a pesquisa mostrou uma área em crescimento, mas que enfrenta gargalos no desenvolvimento de um ‘mercado consumidor’. A concentração de profissionais é grande na região Sudeste, em especial em São Paulo. Norte e Nordeste, apesar de abrigarem grande parte da nossa biodiversidade, não têm, juntos, 10% dos ilustradores.
A botânica desponta como área mais atrativa, enquanto medicina, odontologia e astronomia são as menos procuradas – predominância que pode ser explica pela maior oferta de cursos de ilustração em botânica no país, como cogita Starling. A origem dos ilustradores é diversa (somente 36% deles ingressaram no campo pelas artes plásticas) e muitos possuem mestrado e doutorado – para a médica e co-organizadora da pesquisa, um ponto que se explica pela aproximação do trabalho desses profissionais com a ciência e que os diferencia dos artistas de forma geral.
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