Maio/2020
Rogério Rosa Rodrigues *
No dia 23 de abril de 2020, foram anunciados novos critérios de distribuição das 25 mil[1] bolsas de Iniciação Científica (IC)[2]. Na chamada divulgada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), somente projetos com alguma aderência a uma das cinco áreas consideradas prioritárias pelo Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) serão contemplados com as bolsas do Programa Institucional de Iniciação Científica (Pibic)/2020/2021.[3]
Segundo a presidente da Comissão de Pesquisa da Faculdade de Direito da USP, Nina Ranieri, desde sua criação em 1988, “é a primeira vez na história do Pibic que limitações temáticas são impostas à concessão de bolsas, o que contraria os objetivos do programa, centrados no despertar de vocações científicas e no incentivo a novos talentos entre estudantes de graduação”.[4] Após o anúncio oficial, inúmeras instituições de pesquisa e ensino, assim como entidades científicas do país, têm questionado tal decisão, incluindo os próprios titulares dos Comitês de Assessoramento das áreas de Ciências Humanas, Sociais e Sociais Aplicadas junto ao CNPq.[5]
De acordo com depoimento divulgado no vídeo institucional do MCTIC na noite do dia 12/05/2020, essa restrição tem como proposta priorizar os projetos diretamente relacionados a atividades que chegarão de forma mais direta ao cidadão por meio de produtos com potencial de inovação científica e tecnológica.[6] Outra preocupação aparentemente subsidiária dessa decisão diz respeito a investimentos em projetos que possam contribuir no combate e a disseminação da Covid-19, bem como suas consequências. Nada mais justo. Afinal precisamos enfrentar esse momento com ações emergenciais. No entanto, reduzir o combate às consequências da pandemia a projetos de cunho tecnológico – que hierarquiza algumas áreas e exclui diversas ciências – revela uma visão equivocada do que é ciência e de qual o seu papel em momentos de crises como esta que estamos vivendo.
No momento em que tanto se alerta sobre a importância de ouvir os cientistas, é, no mínimo prudente ressaltar que a ciência cobre um campo vastíssimo de áreas de conhecimento. E isso inclui projetos de pesquisa básica, humanidades e ciências sociais.[7] Mas por que essas áreas do conhecimento mereceriam ser consideradas áreas prioritárias?
Um dos aspectos mais traumáticos dessa pandemia é a impossibilidade de realização de rituais de sepultamento. Além do trauma imediato dos familiares impossibilitados de ver o rosto do ente amado pela última vez, teremos, seguramente, uma geração de pessoas que não operarão o luto necessário para tocar a vida. Isso se agrava diante da proibição de rituais fúnebres e, em casos mais extremos, de um túmulo individualizado que permita saber onde repousa o corpo do morto. Qual tecnologia, dentre as prioritárias listadas no comunicado oficial do CNPq, resolverá esse problema?
Quando os profissionais da saúde e as lideranças políticas necessitam escolher quem deve viver e quem pode morrer não entramos em um dilema ético e moral? Acaso serão as ciências prioritárias listadas pelo MCTIC as únicas a minimizar os efeitos dessa decisão? No momento em que verificamos os índices de alastramento da Covid-19 nas periferias, a chegada da fome e do desemprego nas comunidades, não se trata de um problema que também é social?
Por medida de segurança, neste momento todas as escolas e universidades estão fechadas. Atividades remotas estão sendo implementadas em todos os níveis de ensino. Plataformas que permitem aplicar ações educativas para alunos e alunas confinados em seus lares estão com um índice de acesso nunca visto antes na história da vida digital. Isso é unicamente um problema das áreas tecnológicas priorizadas na chamada feita pelo CNPq? O aspecto didático-pedagógico não interessa? Ele não merece destaque nos investimentos públicos de enfrentamento aos problemas gerados por esse infortúnio natural que puxou o freio da história? A negligência com essas questões tem efeitos imediatos, mas eles ficarão mais graves no futuro. Não valeria investir agora nas pesquisas sobre educação, didática, filosofia, letras, artes, geografia e tantas outras áreas do conhecimento para prevenir problemas mais adiante?
Todo processo contemporâneo tem gerado uma infinidade de documentos que implicarão filtragem, seleção, organização, sistematização e, sobretudo, interpretação. Arquivistas, bibliotecários, historiadores e tantos outros profissionais das ciências humanas não merecem prioridade nesta batalha? Para quem tem dúvidas vale a pena ler a matéria da jornalista Juliana Sayuri sobre iniciativas de historiadores no Brasil e no mundo com ações relacionadas a pandemia do Coronavírus desde sua emergência global.[8] Entre as ações constam incentivos a produção de diários pessoais, conversas em ambientes virtuais com especialistas das mais diversas áreas que estão tratando do assunto em forma de entrevistas e depoimentos, preocupação em desmontar narrativas negacionistas e conspirativas sobre a pandemia e muitas outras ações imediatas.
Malgrado a ausência de uma política imediata de apoio, os artistas das mais diversas áreas têm trabalhado para que o presente não se alimente apenas das crônicas diárias que os noticiários repetem como um mantra a ponto de deixar imobilizados uns, e indiferentes outros. Nesse momento em que o isolamento social nos coloca diante das dores e das delícias do nosso cotidiano (mais dores, que delícias, vale registrar), a arte nos propõe sair do modo remoto, nos confrontar com o diferente e as diferenças. Alternativas de exibições de gravações de grandes montagens teatrais, rodas virtuais de leitura, músicas escapando das janelas dos grandes edifícios, declamação de poesia e bate-papo com artistas têm sido algumas das muitas alternativas da classe artística em meio ao confinamento social. Acaso elas não merecem amparo entre os investimentos prioritários no combate aos problemas causados por esse vírus?
Se aceitarmos a naturalização da política de subordinação de algumas ciências em relação a outras teremos como consequência o próprio definhamento da ciência e, com ela, todas as ações advindas das diversas áreas do conhecimento que chegam até a sociedade. Perde-se a ciência, mas também o mundo, sobretudo o social, político e cultural sem o qual deixamos de ser humanos e nos tornamos máquinas.
* Rogério Rosa Rodrigues é professor da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), atual presidente da Associação Nacional de História, seção Santa Catarina – Anpuh-SC, e editor da seção Fontes da revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos.
Referências bibliográficas:
[1] O Ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Cesar Pontes, divulgou em vídeo no youtube que a esse número foram acrescidas mil bolsas, portanto, 26.000 bolsas PIBIC no total. Material publicado na noite do dia 12/05/2020. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=FAudXJ4td98. Acesso em 13/05/2020.
[2] A chamada do Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pode ser acessada em: http://www.cnpq.br/web/guest/noticiasviews/-/journal_content/56_INSTANCE_a6MO/10157/8920772. Acesso em 12/05/2020.
[3] A portaria pode ser acessada por meio do site: https://www.mctic.gov.br/mctic/opencms/legislacao/portarias/Portaria_MCTIC_n_1122_de_19032020.html. Acesso em 12/05/2020.
[4] Matéria publicada no jornal Estadão dia 08/05/2020 e disponível em: https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/limitacoes-tematicas-das-bolsas-cientificas-ferem-a-constituicao-e-as-leis/ . Acesso em 12/05/2020
[5] A carta dirigida ao Ministro Sérgio Pontes e ao Presidente do CNPq pode ser acessada por meio do link: https://www.apufsc.org.br/2020/05/07/pesquisadores-se-manifestam-pela-manutencao-de-bolsas-pibic/. Acesso em 12/05/2020.
[6] Vídeo disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=FAudXJ4td98. Acesso em 13/05/2020.
[7] As diversas áreas de conhecimento estão organizadas em tabela do CNPq. Por meio dela o interessado pode verificar a lista completa de todas as ciências não prioritárias para essa modalidade de incentivo à pesquisa. Encontrarão, por exemplo, Direito, Serviço Social, Artes, Filosofia, Administração, Economia, Ciência Política, Linguística, Ciências da Informação e tantas outras. Disponível em: http://lattes.cnpq.br/documents/11871/24930/TabeladeAreasdoConhecimento.pdf/d192ff6b-3e0a-4074-a74d-c280521bd5f7. Acesso em 12/05/2020.
[8] Disponível em https://tab.uol.com.br/noticias/redacao/2020/05/12/covid-19-como-historiadores-vao-contar-o-que-foi-a-pandemia.htm. Acesso em 13/05/2020.
Como citar este post:
RODRIGUES, Rogério Rosa. A ciência subordinada: coronavírus e a política científica no Brasil. Blog de História, Ciências, Saúde – Manguinhos. Publicado em 13 de maio de 2020. Acesso em 27 de maio de 2020. Disponível em http://www.revistahcsm.coc.fiocruz.br/a-ciencia-subordinada-coronavirus-e-a-politica-cientifica-no-brasil/
Deste autor, leia em HCS-Manguinhos:
Heymann, Luciana and Rodrigues, Rogério Rosa Em defesa das fontes em tempos incertos. Hist. cienc. saude-Manguinhos, Dez 2019, vol.26, no.4
Rodrigues, Rogério Rosa. Imagens cruzadas: exército e sertão na Primeira República. Hist. cienc. saude-Manguinhos, Dez 2012, vol.19, no.4
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“As epidemias regressam para nos recordar da nossa vulnerabilidade ante a enfermidade e o poder”, afirma Marcos Cueto, editor-científico de HCS-Manguinhos, autor de trabalhos sobre epidemias e coautor de livro sobre a OMS
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Leia artigos sobre epidemias na revista HCS-Manguinhos:
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Zika e Aedes aegypti: antigos e novos desafios, artigo de Flávia Thedim Costa Bueno et al (v. 24, no.4, out 2017)
Cidade-laboratório: Campinas e a febre amarela na aurora republicana, artigo de Valter Martins (vol.22, n.2, jan./abr. 2015)
As epidemias nas notícias em Portugal: cólera, peste, tifo, gripe e varíola, 1854-1918. Artigo de Maria Antónia Pires de Almeida, Jun 2014, vol.21, no.2
“Não é meu intuito estabelecer polêmica”: a chegada da peste ao Brasil, análise de uma controvérsia, 1899 Artigo de Dilene Raimundo do Nascimento e Matheus Alves Duarte da Silva, Nov 2013, vol.20, suppl.1
Bactéria ou parasita? a controvérsia sobre a etiologia da doença do sono e a participação portuguesa, 1898-1904. Artigo de Isabel Amaral. Dez 2012, vol.19, no.4
‘Formidável contágio’: epidemias, trabalho e recrutamento na Amazônia colonial (1660-1750), artigo de Rafael Chambouleyron, Benedito Costa Barbosa, Fernanda Aires Bombardi e Claudia Rocha de Sousa (vol.18, no.4, dez 2011)
A epidemia de cólera de 1853-1856 na imprensa portuguesa, artigo de Maria Antónia Pires de Almeida (v. 18, no.4, dez 2011)
A gripe de longe e de perto: comparações entre as pandemias de 1918 e 2009, artigo de Adriana Alvarez et al. (vol.16, no.4, dez 2009)
Antiescravismo e epidemia: “O tráfico dos negros considerado como a causa da febre amarela”, de Mathieu François Maxime Audouard, e o Rio de Janeiro em 1850. Kaori Kodama (vol.16, no.2, Jun 2009)
A epidemia de gripe espanhola: um desafio à medicina baiana, artigo de Christiane Maria Cruz de Souza (vol.15, no.4, dez 2008)
O Carnaval, a peste e a ‘espanhola’. Artigo de Ricardo Augusto dos Santos (v.13, n.1, jan./mar. 2006)
A gripe espanhola em Salvador, 1918: cidade de becos e cortiços. Artigo de Christiane Maria Cruz de Souza (vol.12, no.1, abril 2005)
Revisitando a espanhola: a gripe pandêmica de 1918 no Rio de Janeiro, artigo de Adriana da Costa Goulart (v. 12, no.1, abr 2005)
A cidade e a morte: a febre amarela e seu impacto sobre os costumes fúnebres no Rio de Janeiro (1849-50) – Cláudia Rodrigues (vol.6, no.1, Jun 1999)
E ainda, na revista HCS-Manguinhos, artigos em inglês e espanhol:
La “cultura de la sobrevivencia” y la salud pública internacional en América Latina: la Guerra Fría y la erradicación de enfermedades a mediados del siglo XX, artigo de Marcos Cueto (vol.22, no.1, mar 2015)
Curing by doing: la poliomielitis y el surgimiento de la terapia ocupacional en Argentina, 1956-1959., artigo de Daniela Edelvis Testa (vol.20, no.4, dez 2013)
Las epidemias de cólera en Córdoba a través del periodismo: la oferta de productos preservativos y curativos durante la epidemia de 1867-1868., artigo de Adrián Carbonetti e María Laura Rodríguez (vol.14, no.2, jun 2007)
El rastro del SIDA en el Perú, artigo de Marcos Cueto (vol.9, 2002)
Caponi, Sandra. Lo público y lo privado en tiempos de peste. Jun 1999, vol.6, no.1