Viagem de Maximiliano de Wied do Rio a Salvador entre 1815 e 1817 é tema de projeto

Agosto/2015

Há exatos 200 anos, em 4 de agosto de 1815, o príncipe e naturalista alemão Maximiliano de Wied-Neuwied começava sua viagem pelo leste do Brasil, iniciada no Rio de Janeiro e encerrada em Salvador em 1817. A excursão marcou o início das grandes expedições científicas do século XIX e muito contribuiu para o conhecimento da biodiversidade, da história e da gente do Brasil. Nos próximos dois anos, o projeto “Viagem ao Brasil – 200 anos” divulgará o trajeto da expedição e suas descobertas, como se a estivesse acompanhando.

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Coordenado pelo professor Sérgio Lucena, do Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Espírito Santo, o projeto multidisciplinar pretende analisar e discutir as transformações da região ao longo dos últimos 200 anos. Especialistas de diversas áreas, como botânicos, zoólogos, historiadores e antropólogos, e de diferentes instituições, participarão em diferentes níveis.

“Estamos planejando refazer todo o percurso do naturalista e, durante o trajeto, interagir com a comunidade local, contribuindo para a popularização das ciências naturais e o entendimento da transformação que ela sofre com o tempo. Como produtos principais, pretendemos gerar publicações científicas, uma exposição sobre a viagem, um livro de viagem inspirado no livro do Wied e vídeo-documentários sobre o projeto”, conta. O projeto se destina tanto à comunidade científica quanto ao público em geral, com interesse especial nos jovens.

Lucena está convidando especialistas a escreverem artigos sobre o significado dos viajantes naturalistas e a viagem de Maximiliano de Wied para uma publicação especial sobre o tema. Participarão do projeto, por exemplo, Lorelay Kury (Fiocruz) na área de história da ciência, Vania Losada Moreira (UFRRJ), no tema índios, Adriana  Campos (UFES), em escravos, e o botânico Pedro Moraes (Unesp), especialista na obra de Wied. Lucena conta que também vem conversando com Francisco Cancela, da Universidade Estadual da Bahia, que trabalha o mesmo tema em nível regional.

“Além disso, temos um núcleo principal que fará as viagens, constituído por mim, zoólogo, uma técnico de campo, Rogério Ribeiro, um fotógrafo de natureza, Leonardo Merçon, e uma cinegrafista, Ilka Westermeuyer, com apoio de uma historiadora, Alyne Gonçalves. A parte de pesquisa está sendo apoiada por estudantes de graduação e pós-graduação.  Para a concepção e planejamento do projeto, contamos com o apoio de Ildeu Moreira (UFRJ) e Luisa Massarani (Fiocruz)”, revela.

As atividades de campo (excursões) deverão ocorrer até meados de 2017, mas alguns produtos, como publicações e vídeo-documentários, deverão ser lançados no primeiro semestre de 2018.

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Leia em HCS-Manguinhos:

Viajantes-naturalistas no Brasil oitocentista: experiência, relato e imagem, artigo de Lorelai Kury, (vol.8, 2001)

O Brasil no relato de viagens do comandante Robert FitzRoy do HMS Beagle, 1828-1839 – Artigo de Gabriel Passetti (vol.21, n.3, set 2014)

A natureza e a cultura no compasso de um naturalista do século XIX: Wallace e a Amazônia, artigo de José Jerônimo de Alencar Alves (vol.18, no.3, set 2011)

Suplemento Ciência e Viagens (2001)

Memórias partilhadas: os relatos dos viajantes oitocentistas e a idéia de “civilização do cacau”,artigo de Lucia Maria Paschoal Guimarães (vol.8, 2001)

História e natureza em von Martius: esquadrinhando o Brasil para construir a nação, artigo de Manoel Luiz Salgado Guimarães (vol.7, no.2, out 2000)

Narrativas e imagens dos viajantes alemães no Brasil do século XIX: a construção do imaginário sobre os povos indígenas, a história e a nação, artigo de Ana Luisa Fayet Sallas (vol.17 no.2 abr./jun. 2010)

Naturalistas viajantes, artigo de Miriam L. Moreira Leite (vol.1, no.2, fev 1995)