Março/2020
A crença popular sustenta que o Brasil é um “país abençoado”, onde furacões, terremotos graves, vulcões e outros desastres naturais intensos não ocorrem. Um olhar mais atento, no entanto, revela muitos exemplos que contradizem essas suposições. No artigo The History of Geology Meets Disasters: A Brazilian Perspective (A história da geologia encontra desastres: uma perspectiva brasileira, em tradução livre), publicado na nova edição da revista Isis (vol. 111, n. 1, mar/2020), da History of Science Society, Maria Margaret Lopes e Silvia Fernanda de Mendonça Figueirôa esclarecem que o Brasil vive sob o impacto de graves desastres ambientais, culturais e políticos há séculos.
“Exemplos paradigmáticos nos últimos anos foram o incêndio que destruiu o prédio e a maioria das coleções do Museu Nacional do Rio de Janeiro em setembro de 2018 e a ruptura de uma barragem associada às atividades de mineração em Brumadinho, Minas Gerais, em janeiro de 2019”, afirmam as autoras, professoras respectivamente da Universidade de Brasília e da Unicamp.
De acordo com elas, neste “país abençoado”, são principalmente os seres humanos, e não a natureza, que causam danos tremendos, devido à sua irresponsabilidade, ignorância e negligência. “A existência destes desastres apenas reforçam a urgência de tomar medidas ambientais, legais e políticas inovadoras para proteger e preservar arquivos e coleções de materiais armazenados não apenas em instituições brasileiras, mas em repositórios em todo o mundo”, concluem.
Leia o artigo completo:
The History of Geology Meets Disasters: A Brazilian Perspective, artigo de Maria Margaret Lopes e Silvia Fernanda de Mendonça Figueirôa publicado na revista Isis – A Journal of the History of Science Society (vol. 111, n. 1, mar/2020)
Leia no Blog de HCS-Manguinhos:
Pesquisadora estudou documentos de 1810 a 1911 que compunham o acervo do Museu Nacional
Para o seu doutorado, Maria Margaret Lopes percorreu desde o decreto de Fundação do museu até os registros das atas até 1911, passando por correspondências de cientistas brasileiros e estrangeiros.
Desmatamento no Mato Grosso era preocupação ambiental já no século XIX
Mário Ferraro e Silvia Figueirôa abordam a obra Viagem ao Redor do Brasil – 1875-1878, de João Severiano da Fonseca
Leia em HCS-Manguinhos:
A desflorestação no Mato Grosso no livro Viagem ao redor do Brasil 1875-1878, do médico João Severiano da Fonseca, artigo de Mário Roberto Ferraro e Silvia Fernanda de Mendonça Figueirôa (vol.24, no.2, abr./jun. 2017)
Entre mares e continentes: aspectos da trajetória científica de Hermann von Ihering, 1850-1930, artigo de Maria Margaret Lopes e Irina Podgorny (vol.21, no.3, set 2014)
Ilhas e oceanos: espaços de campo e laboratório, artigo de Maria Margaret Lopes (vol.21, no.3, set 2014)
As atividades científicas do naturalista Martim Francisco Ribeiro de Andrada na capitania de São Paulo (1800-1805), artigo de Maria Margaret Lopes e Alex Gonçalves Varela (vol.14, no.3 set 2007)
Proeminência na mídia, reputação em ciências: a construção de uma feminista paradigmática e cientista normal no Museu Nacional do Rio de Janeiro, artigo de Maria Margaret Lopes (v.15, supl.0, 2008)
Cenas de tempos profundos: ossos, viagens, memórias nas culturas da natureza no Brasil, artigo de Maria Margaret Lopes (vol.15, no.3, set 2008)
Viajando pelo campo e pelas coleções: aspectos de uma controvérsia paleontológica, artigo de Maria Margaret Lopes. (vol.8, 2001)