Mortalidade em Porto Alegre na Guerra dos Farrapos

Agosto/2022

Quais as consequências demográficas de uma guerra? Os efeitos variam com a intensidade do conflito, mas há elementos comuns, como a redução dos homens jovens, o aumento de viúvas e órfãos e o desequilíbrio entre os sexos. Outros efeitos são pioras nas condições de vida das populações, que, enfraquecidas, ficam mais vulneráveis a doenças.

No artigo Demografia da guerra: mortalidade em Porto Alegre na Guerra dos Farrapos, 1835-1845, publicado em História, Ciências, Saúde – Manguinhos (v. 29, n. 2, mar-jun/2022), Ana Silvia Volpi Scott e Dario Scott, respectivamente professora do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp e doutor em Demografia pela Unicamp, apresentam resultados de análises relativas aos impactos da Guerra dos Farrapos (1835-1845) sobre a mortalidade na população de Porto Alegre, a partir, principalmente, da utilização de assentos de batizado e de óbito, comparando os períodos anterior e posterior ao conflito, abrangendo os anos entre 1825 e 1854. Destacam-se as perturbações nos primeiros cinco anos da guerra (1835-1840), quando a cidade sofreu cercos dos rebeldes.

Gráfico de batizados e óbitos entre população total, 1825-1854 (Fonte: Arquivo Histórico da Cúria Metropolitana de Porto Alegre, Assentos de batizados e óbitos)

Os resultados, baseados no cálculo da mortalidade infantil, entre outros indicadores, evidenciam, além das dificuldades de abastecimento e agravamento das condições sanitárias, uma grave crise de mortalidade causada por epidemia de escarlatina que atingiu duramente crianças livres e escravizadas.

Leia em HCS-Manguinhos:

Demografia da guerra: mortalidade em Porto Alegre na Guerra dos Farrapos, 1835-1845, artigo de Ana Silvia Volpi Scott e Dario Scott (História, Ciências, Saúde – Manguinhos, v. 29, n. 2, mar-jun/2022)