Histórias de psicoterapias para encerrar 2022

Janeiro/2023

Marina Lemle | Blog de HCS-Manguinhos

Com o número especial Histórias transculturais de psicoterapias: novas narrativas, a revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos encerra 2022 sem perder o ritmo e prontinha para mais um ano de história!

Editado pelos professores Sonu Shamdasani, do Health Humanities Centre / University College London (UCL), e Cristiana Facchinetti, do Programa de Pós-graduação de História das Ciências e da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz / Fiocruz, o suplemento sobre histórias das psicoterapias resulta de debates desenvolvidos por um grupo formado por Shamdasani e composto por psicólogos, psicanalistas, historiadores e filósofos de países da América Latina, Ásia, Europa e EUA.

Sonu Shamdasani (UCL) e Cristiana Facchinetti (Fiocruz): editores convidados do suplemento de HCSM de 2022

Cristiana Facchinetti conta que a perspectiva transcultural é o que reúne o grupo, que está interessado em apontar para a pluralidade e a diversidade das práticas psicoterápicas. “Psicoterapia é uma palavra que funciona como uma espécie de guarda-chuva de sentidos. As variadas formas de aplicação em diferentes espaços, tempos e culturas impedem que se possa pensar na psicoterapia assim, no singular. Sempre há algo que escapa a qualquer tentativa de defini-la e permite que as práticas psicoterapêuticas sejam tão diferentes, ainda que pareça que todos saibam exatamente do que estamos falando quando usamos o termo”, afirma.

De acordo com Facchinetti, não há unidade nem mesmo quando o terapeuta usa bases teóricas e metodológicas comuns e compartilhadas, seguindo um modelo de ciência psi que garantiria reprodutibilidade, neutralidade e universalidade.

“Ao trabalhar em rede, as investigações do grupo apontam o contrário, isto é, que quando são apropriadas em um determinado contexto cultural e dependendo da temporalidade, as psicoterapias ganham características eventualmente tão particulares que fica impossível compará-las em torno de qualquer modelo único. A noção de transculturalidade permite dar visibilidade à pluralidade dessas práticas de modo a dispor sobre suas formas díspares, ao invés de supor suas similaridades”, explicou a editora-convidada ao Blog de HCS-Manguinhos.

Segundo a pesquisadora, esse tipo de leitura permite colocar em questão o que é psicoterapia, quais as bases que a sustentam e apontar sua crise de identidade. “Ao historicizar as práticas, discutir onde elas se conectam, se relacionam ou se distanciam, o grupo busca contribuir tanto para a área da clínica como a área das histórias da saúde mental e dos saberes psi, trazendo para o debate práticas que são extremamente centrais para as subjetividades e para políticas contemporâneas de saúde de diversos países”, esclarece. 

Na Carta dos editores convidados, Shamdasani e Facchinetti apresentam o número, artigos e autores.

Leia na revista no SciELO:

Histórias transculturais de psicoterapias: novas narrativas
Carta dos editores convidados Sonu Shamdasani e Cristiana Facchinetti (HCS-Manguinhos, v. 29, supl., 2022)

Acesse o sumário da edição e todos os artigos na íntegra (v. 29, supl., dez/2022)