Janeiro/2024
No fim do século XVIII e início do XIX, a Coroa portuguesa incentivava administradores coloniais e mesmo leigos a enviarem mudas, sementes, animais, minerais e curiosidades étnicas das colônias portuguesas para o Museu da Ajuda, em Lisboa. Para instruir essa rede de amadores das ciências, foram elaborados diversos manuais sobre como fazer tais remessas adequadamente. A Coroa também patrocinava a tradução e publicação de manuais estrangeiros.
Um manuscrito inédito, datado de 1802, sobre métodos de coleta e envio de sementes, tubérculos e bulbos das colônias da África e do Brasil para o Complexo de História Natural da Ajuda, que centralizava o recolhimento de exemplares botânicos enviados por viajantes naturalistas, foi encontrado no Arquivo Histórico Ultramarino de Portugal pelo historiador Magnus Roberto de Mello Pereira, professor aposentado do Departamento de História da Universidade Federal do Paraná.
De autoria do português Antonio José de Carvalho Chaves, a instrução escrita há mais de dois séculos anos foi apresentada, comentada e transcrita por Magnus Pereira e publicada na seção Fontes da revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos (v. 30, dez/2023), com seu título original: “Instrução sobre a escolha, preparação e remessa das sementes e cebolas das plantas, que se mandarem vir de África e do Brasil”.
“Comparado a outros manuais da época, o de Carvalho Chaves é bastante original. Não se trata de cópia ou compilação de outros, português ou estrangeiro. O autor, no entanto, não deu continuidade a seus interesses pelas ciências naturais. Logo após formar-se em Direito na Universidade de Coimbra, foi enviado a Moçambique com secretário daquela colônia. Dali seguiu para o Mato Grosso, onde atuou como ouvidor por mais de uma década. Permaneceu no Brasil após a independência e, em 1842, foi nomeado para a Suprema Corte. Faleceu em Niterói em 1847, no exercício do cargo”, conta o historiador.
Leia na revista HCS-Manguinhos:
“Instrução sobre a escolha, preparação e remessa das sementes e cebolas das plantas, que se mandarem vir de África e do Brasil”, artigo de Magnus Pereira, seção Fontes (História, Ciências, Saúde – Manguinhos, v. 30, dez/2023)
