Agosto/2015
No final do século XIX, a produção da borracha inseriu Belém no cenário econômico internacional. A cidade cresceu como símbolo da modernidade do progresso na Amazônia, tanto em sua infraestrutura urbana quanto no seu embelezamento. Por outro lado, a enorme movimentação de pessoas e mercadorias trazia insalubridade, adensamento demográfico, problemas de habitação, saneamento e fornecimento de água potável, entre outros. Em meio ao processo caótico no qual se encontravam as cidades surgiu o urbanismo sanitarista. Para os novos reformadores urbanos, as cidades eram “organismos vivos” cujo adoecimento deveria ser tratado com intervenções urbanas. Porém, os grandes responsáveis pela conscientização das autoridades e elites sobre o estado de insalubridade em que as pessoas de baixa renda viviam foram as epidemias, que vitimavam pobres e ricos.
Os primeiros a propor soluções para os problemas da cidade foram os médicos, que prestavam consultoria ao poder público com a finalidade de organizar o espaço urbano da maneira mais salubre possível. Os espaços considerados insalubres, tanto física quanto moralmente, foram associados a focos de proliferação epidêmicos. Casas desalinhadas, pouco ventiladas, mendicância eram considerados incômodos nas cidades. As medidas higiênico-sanitaristas que se seguiram surgiram como forma de neutralizar esses espaços. Uma remodelação espacial da cidade através de políticas saneadoras e uma mudança nos hábitos e costumes da nação foram exigidas com o nascimento da República, em 1889.
O artigo “Santa Casa de Misericórdia e as políticas higienistas em Belém do Pará no final do século XIX”, publicado em HCS-Manguinhos (v.22, n.2, jan./abr. 2015), analisa a relação entre as políticas higienistas que vigoraram na cidade de Belém ao final do século XIX e a expansão das atividades da Santa Casa de Misericórdia do Pará, uma das primeiras instituições hospitalares da Amazônia. Fundada em 1650, funcionou como irmandade até 1890, quando foi decretada Associação Civil de Caridade. Além de seu hospital próprio, a Misericórdia administrou diversos outros estabelecimentos de saúde na capital paraense. Desde 1990 é uma Fundação.
O artigo, assinado por quatro pesquisadores da Universidade Federal do Pará – Cybelle Salvador Miranda, coordenadora do Laboratório de Memória e Patrimônio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo; Jane Felipe Beltrão, professora de Antropologia; Márcio Couto Henrique, professor de História; e Brena Tavares Bessa, mestranda em Arquitetura e Urbanismo -, aborda a ampliação da Misericórdia e discute como o “desenho” de três núcleos de Saúde em Belém reforçam os vetores de crescimento da cidade.
Leia em HCS-Manguinhos:
Santa Casa de Misericórdia e as políticas higienistas em Belém do Pará no final do século XIX, artigo de Cybelle Salvador Miranda, Jane Felipe Beltrão, Márcio Couto Henrique e Brena Tavares Bessa (v.22, n.2, jan./abr. 2015)
Sumário da edição (vol.22, no.2, abr./jun. 2015)
Caridade e filantropia na distribuição da assistência: a irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Pelotas – RS (1847-1922), artigo de Cláudia Tomaschewski (v.15, n.1, mar 2008)
Filantropia e assistencialismo no Brasil, artigo de Gisele Sanglard (v.10, n.3, dez 2003)
Como citar este post [ISO 690/2010]:
Artigo discute políticas higienistas em Belém do Pará no final do século XIX. Blog de HCS-Manguinhos. [viewed 12 August]. Available from: http://www.revistahcsm.coc.fiocruz.br/artigo-discute-politicas-higienistas-em-belem-do-para-no-final-do-seculo-xix