Artigo discute classificação mineral proposta por cientista brasileiro em 1889

Agosto/2021

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Para se formar médico, em 1889, o geólogo Oscar Nerval de Gouvêa (1856 – 1915) apresentou à Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro uma tese intitulada “Da receptividade mórbida”, na qual discutia fatores que propiciam doenças e possíveis medicamentos. Sua tese incluia, como apêndice, uma “Tabela de Classificação Mineral”.

Em artigo publicado na revista HCS-Manguinhos (v. 28 n. 2, abr/jun 2021), a professora Silvia Fernanda de Mendonça Figueirôa (Unicamp) analisa em detalhe a trajetória  do cientista e sua “Tabela de Classificação Mineral”. 

Professor de geologia e mineralogia na Escola Politécnica, onde ingressou depois de apresentar, em 1880, uma tese sobre rochas plutônicas brasileiras para um concurso acadêmico, Nerval de Gouvêa é pouco conhecido hoje, mas entre os séculos XIX e XX destacou-se na carreira de engenheiro, médico, pesquisador e professor no Rio de Janeiro.

Segundo a autora, a ligação entre geologia e medicina não é incomum, pelo contrário: medicamentos de origem mineral eram bem conhecidos e empregados desde tempos remotos, e os profissionais da área médica tiveram um papel destacado na história das ciências geológicas. Na medicina, a prática de Nerval de Gouvêa estava alinhada com a homeopatia.

Silvia Figueirôa conta que classificações de materiais naturais, como fósseis, plantas, animais e rochas, existem desde muitos séculos, e diversos sistemas de classificação de minerais foram originados em diferentes partes do mundo. De acordo com a pesquisadora, enquanto outras classificações, na mesma época, já se apoiavam na composição química, Gouvêa parece buscar uma “filogenia mineral” profundamente hierarquizada. “O positivismo e o evolucionismo envolvem a sua proposta, que privilegia a estrutura cristalina desde a base: a “ordem” cristalina é a base para o “progresso” das espécies minerais”, explica. 

Leia em HCS-Manguinhos:

A “Tabela de classificação mineral”, de Oscar Nerval de Gouvêa: mineralogia e medicina no Brasil, artigo de Silvia Figueirôa  (HCS-Manguinhos, v. 28 n. 2, abr/jun 2021)