Novembro/2017
Por muito tempo, a história da ciência ignorou contribuições para o desenvolvimento da ciência que não pareciam atender a um ideal de racionalidade, o que acabou levando à divulgação de uma ciência largamente positivista. É o caso da Naturphilosophie, filosofia da natureza que prezava pela estética e pela compreensão da natureza como produto e produtividade, muito próxima aos ideais antigos.
A Naturphilosophie teve seus representantes de maior destaque entre os alemães, como Friedrich von Schelling (1775-1854). Os conhecedores e divulgadores da obra de Schelling, os Naturphilosophen, colocavam o organismo como metáfora fundamental de sua ciência universal. Desse modo, buscavam um princípio unificador para todos os fenômenos naturais, através dos processos de transformação e conversão. Suas ideias acabaram servindo como ponto de partida para a compreensão de vários fenômenos, dos quais até então só se conheciam os efeitos, como a eletricidade e o magnetismo.
No entanto, por partir de pressupostos que negavam o mecanicismo newtoniano, a influência desta filosofia da natureza não aparece de modo explícito nas obras de historiadores da ciência anteriores a 1950. Isso acabou gerando controvérsias entre os próprios historiadores acerca de como reconhecer a influência de Schelling nos trabalhos dos estudiosos do século XIX. É o caso, por exemplo, dos trabalhos sobre conservação de energia envolvendo James Joule, Julius Mayer e outros. Enquanto os trabalhos de Oersted e Ritter são claramente associados à existência de forças de atração e repulsão que compõem a própria natureza enquanto produto e produtividade, o mesmo não ocorre na transformação de forças em busca de uma constante de proporcionalidade, como na conservação da energia.
No artigo A influência da Naturphilosophie nas ciências do século XIX: eletromagnetismo e energia, publicado na atual edição de HCS-Manguinhos (vol.24, no.3, jul./set. 2017), as autoras Ana Paula Bispo Silva e Jamily Alves da Silva apresentam os principais pressupostos da Naturphilosophie e discutem os argumentos utilizados por historiadores da ciência que a associam às explicações sobre a natureza do eletromagnetismo e da conservação de energia. O trabalho de pesquisa foi financiado pelo CNPq para a produção de material para Ensino de Ciências com abordagem histórica.
Leia em HCS-Manguinhos:
A influência da Naturphilosophie nas ciências do século XIX: eletromagnetismo e energia, artigo de Ana Paula Bispo Silva e Jamily Alves da Silva (vol.24, no.3, jul./set. 2017)