Março/2019
A preocupação com o alto índice de cesarianas realizadas no Brasil tem sido foco de crescente número de estudos. Retratadas na maioria das vezes como uma “epidemia”, as cesáreas se tornaram, ao longo das últimas décadas, a principal via de nascimento no país. Números atuais apontam que o Brasil lidera o ranking mundial de cesáreas, com 52% dos partos ocorrendo por via cirúrgica, sendo que em redes privadas a situação é ainda mais alarmante, chegando a 88%.
Esses valores evidenciam que o Brasil se encontra bem distante do percentual recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), definido, desde 1985, entre 10 a 15%. Mais recentemente, a partir de uma avaliação específica do país, a OMS ajustou essa taxa de referência para o Brasil de 25 a 30%, ainda inferior ao cenário atual.
A delimitação desses valores baseia-se em diversos estudos que identificaram associação entre taxas mais elevadas de mortalidade materna e neonatal a altas taxas de cesariana. Consequentemente, a alta incidência de cesáreas no país tem sido apontada como um problema de saúde pública, levando a mudanças no sistema obstétrico brasileiro nos últimos anos. É notável também a atuação de diversos movimentos e grupos sociais incentivando e propagando maior incidência de parto natural, humanização do parto, empoderamento da mulher e medicina baseada em evidências.
No artigo A transnacionalização do parto normal no Brasil: um estudo das últimas cinco décadas Universidade Estadual de Maringá, discutem uma pesquisa documental conduzida para rastrear a evolução do sistema obstétrico no país, a fim de compreender a influência da transnacionalização no parto normal no Brasil. Como resultado, observou-se que a trajetória histórica do parto normal não se restringiu às fronteiras nacionais, tendo padrões e recomendações transnacionais impactando localmente, ao direcionar a criação de novas regulamentações.
Leia em HCS-Manguinhos:
A transnacionalização do parto normal no Brasil: um estudo das últimas cinco décadas vol.25 no.4 out./dez. 2018)